Nota técnica da Dipes avalia cobertura da educação infantil em Pernambuco
Estudo revela um déficit significativo no atendimento de creches, especialmente em áreas rurais do estado
Por Maria Carolina Santos
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Um estudo da Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) analisou a infraestrutura e a cobertura da educação infantil em Pernambuco, utilizando dados do Censo Escolar de 2022. A nota técnica publicada no site da Fundaj destaca o progresso na pré-escola (4-5 anos) no estado, mas revela um déficit significativo no atendimento de creches (0-3 anos), especialmente em áreas rurais. O estudo compara os dados com as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), identificando desigualdades regionais.
Assinada pelos pesquisadores e demógrafos Wilson Fusco, diretor da Dipes, e João Gomes, que faz pós-doutorado na Fundaj, a nota técnica parte das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para a educação infantil até 2016 – como a universalização da pré-escola para crianças de 4 a 5 anos e a ampliação em 50% da oferta de creches para crianças de 0 a 3 anos – para analisar o cenário em Pernambuco, com os dados do Censo Escolar de 2022, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira(INEP).
Apesar dos avanços na pré-escola, mais de 90% dos municípios pernambucanos não atingiram a meta de atender pelo menos 50% das crianças de 0 a 3 anos. Em relação à pré-escola, 124 municípios registraram cobertura entre 70% e 100%, e 50 municípios ultrapassaram 100% da meta. No entanto, 11 municípios ainda atendem menos de 70% das crianças nessa faixa etária.
A maioria dos municípios, mostra o estudo, possui menos de 50 Centros de Educação Infantil (CEIs), enquanto Recife concentra o maior número, com mais de 600. Áreas rurais e municípios menores enfrentam maior déficit de infraestrutura, limitando o alcance e a acessibilidade à educação infantil. O pesquisador da Fundaj lembra que o investimento na educação infantil tem um fator econômico e social importante. “Não é só aprendizado para as crianças, mas principalmente para que os pais, principalmente as mães, que concentram a carga do cuidado, possam trabalhar. É algo que tem um impacto significativo na empregabilidade”, aponta Wilson Fusco.
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A nota técnica utiliza o Índice de Infraestrutura Escolar de Pernambuco (IEPE) — uma ferramenta estratégica de monitoramento idealizada pela Fundaj em colaboração com a Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) — com o objetivo de aprimorar a gestão da educação no estado. O IEPE tem como propósito principal identificar as localidades com maiores carências em infraestrutura educacional, possibilitando que os investimentos sejam direcionados para as áreas mais vulneráveis. Além disso, o índice visa avaliar o impacto das políticas públicas implementadas, assegurando que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e que as ações tragam resultados efetivos.
Ao monitorar as condições das escolas, o IEPE oferece um panorama detalhado que permite aos gestores tomar decisões mais informadas e direcionar os esforços para onde são mais necessários. “O Governo do Estado lançou o Programa Juntos para Educação para apoiar situações de necessidade de investimento em todas as etapas da educação básica, não somente no Ensino Médio, que é a prioridade do Estado. Mas aparentemente não tem tido resultado até os dados mais recentes do Censo Escolar. A ideia é continuar acompanhando para ver se, mesmo que a meta não seja atingida, o Estado continua avançando no atendimento às necessidades de escolas para crianças de 0 a 5 anos”, explica Fusco.
A NT também propõe diretrizes para políticas públicas que ampliem o acesso às creches e pré-escolas, fortalecendo a infraestrutura e promovendo maior equidade educacional. Para melhorar a efetividade das políticas públicas, defendem os pesquisadores, é crucial priorizar investimentos em municípios com menor cobertura de creches e implementar estratégias regionais. A nota técnica propõe que o uso do IEPE para monitoramento contínuo pode garantir a eficácia e a equidade na alocação de recursos. “O uso de ferramentas como o IEPE pode auxiliar na identificação de déficits e no direcionamento de recursos. A colaboração entre gestores municipais e estaduais é fundamental para transformar os desafios em oportunidades de inovação e aprimoramento” afirma Wilson Fusco.
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