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Cadernos Sociais tem novo número com destaque para economia e educação

A revista está em busca de boa avaliação e maior número de leitores especializados


Por Marcela de Aquino


Escolas de tempo integral, mensuração da pobreza, dados espaciais sobre criminalidade, relação de burnout no trabalho são alguns dos temas encontrados na atual edição da Cadernos de Estudos Sociais. A revista científica  da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) funciona na modalidade de fluxo contínuo com artigos  que perpassam áreas como  economia, educação e ciência política. Para a editora-chefe do biênio 2021-2023 e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Estatísticas Sociais (NEES) da Fundaj, Isabel Raposo, a Cadernos “é uma revista que abarca a área das Ciências Sociais, mas que abrange um leque mais amplo das humanidades”, com destaque para a diversidade temática de seu perfil.  


A compilação de trabalhos fez parte de uma busca ativa da editoria da revista, composta também pelas pesquisadoras Cibele Rodrigues e Luciana Távora para o lançamento da atual edição. A então editora Isabel participou do Prêmio Dirceu Pessoa, realizado pelo Conselho Regional de Economia da 3ª região, que reúne as melhores monografias na área de Ciências Econômicas.   “Fiz um levantamento dos últimos anos e entrei em contato com alguns premiados, realizando o convite para a submissão. E, nesse processo, recebemos alguns [artigos]”, afirma. 


Dentre eles, o artigo Uma proposta de mensuração seniana da pobreza multidimensional na cidade do Recife, dos autores Ielyson José Rodrigues de Melo e Ana Monteiro Costa, destaca uma visão mais multifacetada da pobreza do que restrita à privação do nível de renda. Nesse caso, a falta de capacitações dependentes de variáveis  como  educação,  saúde,  condições  de habitação, entre outros, também entrariam na equação.


A pesquisadora  detalha os critérios do processo de submissão dos trabalhos antes do envio para dois pareceristas especializados no tema. “Apenas o editor tem informação sobre a autoria do artigo. E então passamos por um primeiro crivo, que é o crivo do editor, no nosso caso, éramos três. Víamos, em primeiro lugar, se tinha a ver com o perfil da revista. Esse era o primeiro crivo. Tendo a ver, a gente via em linhas gerais a qualidade do texto, a questão da formatação,” explica. 


A Cadernos vêm aumentando o número de submissões através de estratégias como o lançamento de dossiês temáticos que dialogam com assuntos que estão em voga atualmente e também a partir da versão bilíngue de seu site. “ Estamos conseguindo ter um número cada vez maior de submissões.  A revista está retomando novamente o fôlego,  voltando a ser atraente para os pesquisadores que desejam publicar nessa área e tendo maior visibilidade”, aponta Isabel. 


Lançada em 1985 pela Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), a revista lançou três edições de dossiês temáticos nos últimos dois anos. Para manter o nível de qualidade dos trabalhos, “os editores principais da revista fazem convite a outros editores, que são os chamados editores convidados e são pessoas em geral de renome da área, o que aumenta a chance de termos artigos com mais qualidade”, ratifica Isabel. 


Uma das vantagens da modalidade é a reflexão contextualizada do editorial para apresentar os demais trabalhos e a seção de entrevistas com referências da área. O convite para entrevista do dossiê Desigualdades étnico-raciais, de gênero e regionais na educação foi direcionado ao pesquisador Francisco Soares, ex-presidente do INEP  e sumidade na área de avaliação educacional. Essa entrevista será publicada em breve na plataforma do site de periódicos da Fundaj


O  dossiê coordenado pelo pesquisador da Fundaj Carlos Augusto Sant’Anna e pela professora da UFRJ Felícia Campos trouxe artigos importantes, com análises dos dados atuais sobre o grande tema da educação básica, que é a desigualdade. “Quando vemos a disciplina de matemática, vemos que há uma discrepância não só em termos raciais como em termos de gênero. Então, o menino branco desempenha muito mais do que a menina preta e  essa lacuna, essa distância aumentou nesta última década”, sublinha. 


Outros dossiês como A mortalidade materna, fetal e infantil e atuação da vigilância do óbito no contexto da pandemia de COVID-19, com a editoria de Paulo Frias, do IMIP e de Bárbara Figueirôa, da Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, trouxe dados relevantes sobre a saúde pública e a influência de fatores socioeconômicos, como o desemprego e a diminuição do rendimento familiar, que atingiram as gestantes, as puérperas e os recém-nascidos durante a pandemia. 


Posteriormente, foi lançado também um dossiê comemorativo que celebrava a oitava edição do Encontro de Pesquisa Educacional em Pernambuco (Epepe), intitulado 15 anos do EPEPE. Pernambuco e suas pesquisas educacionais, com a publicação dos estudos de grupos de trabalhos sob a coordenação e curadoria de Verônica Fernandes, pesquisadora da Fundaj. O Epepe é um projeto coletivo de pesquisadores da Fundação Joaquim Nabuco por meio da Dipes, sendo um dos principais eventos em Pernambuco para pesquisa e pós-graduação em educação.



A identidade da Cadernos e seu planejamento atual



Durante sua gestão na revista, Isabel Raposo afirma que o principal desafio da Cadernos é manter uma constância nas publicações para ser bem avaliado por programas como da Capes. “É uma revista que tem um potencial muito bom de ter uma boa avaliação, mas quais são os critérios do Qualis Capes? Um critério importante está relacionado ao fato da revista não estar atrasada nas suas edições, além do quantitativo de citações dos artigos da revista. A grande batalha da Cadernos é subir a sua avaliação, que está atualmente como B4”.


Sobre o perfil do público estar mais alinhado com o nível dos trabalhos acadêmicos, há a delimitação de requisitos para participar de autoria nas submissões de artigos. “Uma das exigências é que pelo menos um dos autores tenha no mínimo mestrado completo. Então, em geral, é um trabalho mais especializado e um público leitor também especializado", avalia.  Ela afirma que além das estratégias mencionadas para abarcar o público-alvo da revista, “o interessante nessa edição de fluxo contínuo, é que você tenha mais a cara da revista, mais a pluralidade que a revista tem” e que existem novas perspectivas a serem pensadas em futuras gestões editoriais. “Nós criamos essas estratégias para tentar aumentar a quantidade de artigos submetidos, e, consequentemente, a qualidade deles e eu acho que assim o próximo objetivo é focar muito nessa estratégia de divulgação para chegar de fato em quem a gente quer atingir”, enfatiza.


Atual editor-chefe da Cadernos de Estudos Sociais, o analista em ciência e tecnologia da Fundaj Cristiano Borba, mestre em editoração de texto pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), comenta os planos atuais a serem implementados ainda neste ano pela revista. “A Cadernos irá continuar sendo um periódico transdisciplinar, com foco na grande área de Ciências Sociais, mas haverá atualização do conselho editorial e o equilíbrio da divulgação de dossiês temáticos e edições de fluxo contínuo”, afirma.



A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação da revista Coletiva e da autoria do texto.




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