Número 32 | jan.fev.mar.abr.maio. 2023|ISSN 2179-1287
12.06 | Cibele Barbosa e José Luiz Ratton
Dossiê
Negacionismos e Autoritarismos
ARTIGOS
Uma primeira forma de pensar o negacionismo talvez deva referir-se às tentativas intencionais de recusar ou negar argumentos, realidades ou verdades consensuadas e provisórias, endossadas pela ciência ou soluções convencionais produzidas no âmbito daquilo que se entende como Estado Democrático de Direito. Tais práticas coletivas de negação (ou de recusa) não somente negam a ciência, a democracia, o Estado de direito, a possibilidade de reconhecimento do outro, mas buscam estabelecer formas completamente diferentes de ver o mundo, com pretensão de superioridade e relacionadas a desejos inconfessos de recusa à diferença e à alteridade.
Lilia Moritz Schwarcz
Eu penso que as máximas “a história ensina” e “os fatos que nos antecederam [servem] para que possamos nos corrigir ou dar novo rumo” nunca foram verdades. Se isso fosse verdade, nós não repetiríamos guerras, o Brasil não seria um país tão desigual, o mundo não estaria vivenciando novos surtos de fome. Eu sempre penso que a história, como diz o Peter Burke, dá um lembrete. Mas o que a gente vai fazer com esse lembrete é uma outra história.
A entrevistada da Coletiva é a historiadora Lilia Moritz Schwarcz. "Professora titular no Departamento de Antropologia da USP, foi Visiting Professor em Oxford, Leiden, Brown, Columbia e Princeton, onde foi Global e Professora Visitante desde 2010. Em 2007 obteve a John Simon Guggenheim Foundation Fellow. Em 2010 recebeu a Comenda da Ordem do Mérito Científico Nacional". É autora de diversos livros, além de ser curadora adjunta para histórias e narrativas no Masp e colunista do jornal Nexo.