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Conversando com Josué de Castro e os povos do manguezal sobre vida, fome e luta¹

Pedro Silveira

“Ô Josué, eu nunca vi tamanha desgraça…” [2]

O intelectual pernambucano Josué de Castro transitou entre a medicina, a geografia e outras áreas das humanidades com seu pensamento original e socialmente engajado. É a partir de Josué que parte a reflexão, hoje sedimentada na opinião pública, de que a fome, enquanto fenômeno social, não se dá pela simples escassez de alimentos, mas é fruto de uma desigualdade social estrutural. Obras como Geografia da Fome e Geopolítica da Fome são marcos mundiais nesse debate, que levaram Josué à Presidência do Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), mas também à perseguição política e ao exílio em tempos de Ditadura Militar no Brasil.

Josué de Castro também foi o primeiro intelectual no Brasil, quiçá no mundo, a trazer os manguezais para o debate das ciências humanas. Ele não foi um habitante dos mangues, mas os olhava como habitante do Recife, uma cidade erguida às margens dos estuários dos rios Capibaribe e Beberibe, onde os manguezais eram aterrados para dar origem ao progresso urbano das elites.

Nos manguezais sobreviventes e marginais, abrigava-se parte da população marginalizada de uma cidade desigual e com enorme déficit habitacional. A dinâmica dos caranguejos nos manguezais e a situação de extrema pobreza dos que neles se refugiavam marcou a infância do futuro médico e geógrafo. 

É no romance Homens e Caranguejos, escrito em 1966, no exílio, durante a ditadura militar, em especial na introdução sociológica que antecede o romance, que Josué traz de forma mais evidente o lugar dos manguezais em sua biografia:

 

“Criei-me nos mangues lamacentos do Capibaribe cuja águas, fluindo diante de meus olhos ávidos de criança, pareciam estar sempre a contar-me uma longa história” (Homens e caranguejos, p. 16).

Lembremos que se o manguezal, até Josué, não foi pensado na teoria social, em compensação estava presente nas políticas públicas, sendo tratado como inimigo pelas políticas higienistas que atravessaram os séculos XIX e XX nas cidades litorâneas do Brasil. No Recife, travava-se uma batalha contra as paisagens dos manguezais sob o argumento de que sua lama e suas águas eram focos de doenças; e criminalizavam-se também as moradias precárias existentes nas áreas marginais de mangue ocupadas pelos humanos, conhecidas como mocambos.

 

Durante o governo do interventor Agamenon Magalhães, no período da ditadura Vargas (décadas de 1930 e 40), empreendeu-se uma guerra contra os mocambos, em uma estranha lógica de tratar as moradias simples e improvisadas como causa dos problemas civilizatórios da cidade, ao invés de reconhecer a desigualdade e a miséria como indicadores de problemas civilizatórios outros.

Josué de Castro, é claro, se opunha a tal lógica higienista. Examinando Homens e caranguejos, além de outras obras como Documentário do Nordeste, percebemos que para o geógrafo da fome, os habitantes dos manguezais eram vítimas da desigualdade social, assolados pela falta de perspectivas e pela fome. Desse ponto de partida, Josué cria a imagem da pobreza nos manguezais encarnada em seres humanos animalizados pela fome. Para ele, o fato de habitar os manguezais e se alimentar de caranguejos faria os habitantes dos manguezais se hibridizarem com os caranguejos. Diz o autor em Homens e caranguejos:

Esta é que foi a minha Sorbonne: a lama dos mangues do Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejos. Seres anfíbios- habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo: este leite de lama. Seres humanos que se faziam assim irmãos de leite dos caranguejos. Que aprendiam a engatinhar e a andar com os caranguejos da lama, e que depois de terem bebido na infância este leite de lama, de se terem enlambuzado com o caldo grosso da lama dos mangues, de se terem impregnado do seu cheiro de terra podre e de maresia, nunca mais se podiam libertar desta crosta de lama que os tornava tão parecidos com os caranguejos, seus irmãos com as suas duras carapaças também enlambuzadas de lama (p.10).

Cedo me dei conta deste estranho mimetismo: os homens se assemelhando, em tudo, aos caranguejos, arrastando-se, agachando-se como os caranguejos para poder sobreviver. Parados como os caranguejos na beira da água ou caminhando para trás como caminham os caranguejos (p.10).

Arquivo Josué de Castro - Acervo Fundação Joaquim Nabuco.

Assim, na alegoria produzida por Josué para sublinhar suas ideias, as pessoas que coabitam os manguezais com os caranguejos têm uma relação simbiótica com eles: comem sua carne, tem seus excrementos e restos mortais consumidos pelos caranguejos, num ciclo ecológico que se retroalimenta e, com isso, performa a impossibilidade de se escapar do ciclo da pobreza.

 

A vida de relação com os caranguejos produziria uma metamorfose de pessoas em caranguejos que parece ser uma metáfora da fome: pessoas prostradas na beira da maré agem como caranguejos, animais que, na maré baixa, são vistos parados ou movimentando-se lentamente sobre a lama e as raízes das árvores do mangue. Em um movimento simétrico, Josué projeta a fome das pessoas no comportamento dos caranguejos:

Vi os caranguejos espumando de fome à beira d’água, à espera que a correnteza lhes trouxesse um pouco de comida, um peixe morto, uma casca de fruta, um pedaço de bosta que eles arrastariam para o seco matando sua fome. E vi, também, os homens sentados na balaustrada do velho cais a murmurarem monossílabos, com um talo de capim enfiado na boca, chupando o suco verde do capim e deixando escorrer pelo canto da boca uma saliva que parecia ter a mesma origem da espuma dos caranguejos: era a baba da fome (p.17).

Se essas fortes imagens de fusão da vida de pessoas e caranguejos, cimentada pelo fenômeno da fome, potencializam literariamente o argumento sociológico de Josué, por outro lado, elas selam o destino dos habitantes dos manguezais no lugar da impossibilidade. Nessa lógica, mangues produzem caranguejos naturalmente famintos, que alimentam vítimas humanas da opressão social, também famintas.

 

Sendo assim, o futuro dos habitantes humanos desses ecossistemas é a repetição do “ciclo do caranguejo”, a não ser que alguém venha salvá-los - um governo progressista que combata a fome, as organizações internacionais, como as que Josué representou em seu exílio, ou então uma revolução, que aparece em Homens e caranguejos como algo que acontece para além da agência das personagens. Assim, ao tratá-los simplesmente como vítimas, tira-se deles a possibilidade de protagonismo político.

Pretendo, no decorrer do texto, reelaborar esse argumento a partir de desdobramentos que as ideias de Josué tiveram, três décadas depois de Homens e Caranguejos, no movimento estético-musical pernambucano conhecido como manguebeat e, também, a partir de minhas experiências de pesquisa antropológica nos manguezais nordestinos nos últimos anos.

“Maternidade, Salinidade, Diversidade, Fertilidade, Produtividade...” [3]

Podemos começar com os caranguejos-uçá, conhecidos pelos biólogos como Ucides cordatus, que são tão apreciados na culinária das cidades litorâneas do Brasil. Esses animais se alimentam principalmente das abundantes folhas da árvore Rizophora mangle [4] ou de folhas de outras árvores de mangue que caem sobre a lama e se decompõem. Também se nutrem de outros materiais, como animais mortos e até mesmo fezes de animais. O fato é que não há motivos para acreditar que os caranguejos passem fome nos manguezais, ao contrário de seus colegas humanos, que foram retratados por Josué.  

Ao frequentar os manguezais com caranguejeiros, aprendi que, durante algumas luas do verão, no período reprodutivo, conhecido como andada, os caranguejos machos e fêmeas perambulam pelos manguezais em grande quantidade. Aprendi com a bibliografia zoológica que, nesse período, eles exalam feromônios reprodutivos, substâncias que produzem uma modalidade de inebriamento coletivo. Catadores de caranguejo do Recôncavo Baiano dizem que a andada é uma espécie de carnaval dos caranguejos.

 

Nesse período, os animais podem ser vistos com a boca espumando, como comportamento reprodutivo. A espuma na boca também pode indicar, em outros contextos, uma situação de estresse, como por exemplo quando são capturados, amarrados em cordas e manipulados por vendedores e consumidores.

O equívoco interpretativo na forma como Josué de Castro projeta a fome humana na baba dos caranguejos não é reproduzido pelas pessoas que convivem com eles, pois elas desenvolvem uma fina percepção de seus ciclos e movimentos. Talvez, estar imerso na coabitação pode ajudar a entender a vida nos manguezais para além da alegoria e da impossibilidade. 

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Arquivo Josué de Castro - Acervo Fundação Joaquim Nabuco.

Se concordarmos com Josué que as desigualdades sociais produzem refugiados nos manguezais, num mundo marcado pelas injustiças da colonialidade e do capitalismo, o que podemos agregar ao fabular, com os coabitantes desses manguezais, as potências transformadoras desta coabitação?

Dos caranguejos, passamos, então, às paisagens dos manguezais. A partir de referências geográficas de seu tempo, Josué descrevia os manguezais, na década de 1960, como uma “estranha vegetação capaz de viver dentro d’água”, que constrói o próprio solo, fixando a lama das áreas estuarinas e “agarrando-se com unhas e dentes para sobreviver”. Nesse sentido, os manguezais seriam elementos colonizadores, em “luta contra o mar”, “como se fossem tropas de ocupação” (Homens e caranguejos, p.12-13). Nessa vegetação, habitam caranguejos, ostras e outras espécies próprias do ambiente.

No início da década de 1990, os estudos em biologia e oceanografia haviam ressignificado o papel ecológico dos manguezais. A propriedade de fixação das árvores de mangue no solo mostrou fornecer grandes vantagens contra a erosão costeira e as enchentes. A matéria orgânica em decomposição, que produz o odor característico dos manguezais, que incomodava os higienistas, é responsável pela grande produção de vida oceânica, ou seja, além de abrigarem caranguejos, ostras e outras espécies típicas, os manguezais passaram a ser descritos como berçários de biodiversidade, onde muitas outras espécies vêm se reproduzir e crescer, para depois retornar ao mar. Portanto, assegurar a existência futura dos manguezais passava-se a ser não só desejável, mas fundamental.

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Canavieiras (BA). Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco. 

Goiana (PE). Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco.

Não por acaso, essa virada na importância ecológica dos manguezais ocorreu no início da década de 90 do século XX, período em que as grandes discussões ambientais estavam se consolidando no debate público. No Brasil, aconteceu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92), em que personagens tão heterogêneos como George Bush, Dalai Lama, Jacques Cousteau, Vandana Shiva e Fidel Castro se reuniram para discutir o futuro ecológico do planeta. No evento, dois dos destaques do debate político foram a inclusão da pobreza e da saúde nas pautas ambientais e a articulação paralela dos então chamados Povos da Floresta, entre eles povos indígenas e seringueiros.

O início dos anos 90 foi, portanto, marcado, especialmente no Brasil, pela emergência de debates socioambientais, que reposicionavam, na linha de frente da ecologia, os povos indígenas e os que passaram a ser chamados nos anos seguintes, de “povos e comunidades tradicionais”[5].

 

Lembremos que, no final da década de 1980, os seringueiros, apoiados por organizações sindicais no Acre, faziam os empates, impedindo a derrubada das florestas de seringais para a criação de pastagens, movimento que repercutiu mundialmente, principalmente após o assassinato do líder seringueiro Chico Mendes, em 1988.

 

Ainda nesse período, os povos indígenas tinham acabado de ter reconhecidos direitos constitucionais ao território, e figuras como Raoni Mebengokre e Ailton Krenak passaram a ser conhecidas publicamente. Foi também nessa época que começou a invasão garimpeira nas florestas do povo Yanomami, em Roraima e no Amazonas, em que houve a articulação de uma rede de apoio político a esses indígenas, resultando na demarcação de suas terras, período que foi atravessado por eventos trágicos, como o Massacre de Haximu, em 1993.

Sendo assim, no início dos anos 90, a política mundial incluiu a ecologia na agenda pública. Nessa inclusão, o movimento indígena e as comunidades tradicionais passaram a ter visibilidade como agentes na agenda da ecologia política. Foi quando, em Pernambuco, ocorreu uma estranha mutação nos homens-caranguejos. 

“Só tem caranguejo esperto saindo desse manguezal…” [6]

Recife, equidistante entre a Amazônia e o Sul do Brasil, tem suas florestas litorâneas quase todas devastadas pela voracidade centenária da plantation da cana-de-açúcar. No Pernambuco do início dos anos 90, nos estuário poluídos da cidade do Recife, e em outros estuários litoral afora, persistiam populações periféricas de origem afro-indígena que coabitavam os manguezais com caranguejos, ostras, aratus, guaiamuns, mariscos e sururus.

Foi aí, e nesse momento, que surgiu o movimento musical e cultural manguebeat (ou manguebit), que revolucionou a cena musical pernambucana e teve grande influência no restante do país. Dentre as diversas narrativas possíveis sobre os tempos da gênese do manguebeat, gostaria de destacar aqui duas histórias: a primeira é a do jovem jornalista e músico, da classe média recifense, Fred Rodrigues Montenegro, que passaria a ser publicamente conhecido como Fred 04, líder da banda Mundo Livre S/A. Nesse período, ele foi contratado pela ONG Centro Luís Freire para a produção de um vídeo-documentário sobre os manguezais, e, no processo de produção, fascinou-se com a descoberta da produtividade e importância ecológica desse ecossistema. 

A outra história é a da volta da circulação da produção literária de Josué de Castro, que havia sido banida das universidades, escolas e livrarias durante a ditadura militar. Nessa conjuntura, Homens e caranguejos chegou às mãos de outro músico, esse do bairro de Peixinhos, na periferia de Olinda, Francisco de Assis França, que logo em seguida passaria a ser conhecido como Chico Science, e montaria a banda Chico Science e Nação Zumbi, que, junto a Mundo Livre S/A e outras personagens, constituiria a cena do movimento manguebeat.

O guitarrista do Nação Zumbi, Lúcio Maia, descreve, em uma entrevista, como Chico propôs a estética do mangue à banda:

Os artistas do manguebeat inspiraram-se em Josué, mas produziram uma certa inversão em sua teoria: os homens-caranguejos passaram de somente vítimas de uma sociedade desigual a protagonistas de um novo viver sobre as ruínas dessa sociedade. Já os manguezais, mesmo poluídos na metrópole, em vez de encarnarem a impossibilidade de escapar do ciclo da fome e da miséria, passaram a ser uma figura metonímica da cidade (Recife é mangue), e imagem articuladora da diversidade sociocultural de Pernambuco, com raízes afro-indígenas que impulsionam a criatividade contemporânea.

 

As “parabólicas na lama” e os “caranguejos com cérebro” são duas imagens fortes do manguebeat [7], que as letras das músicas conectam a experiências sociais insurgentes, tais como Palmares, Canudos, os panteras negras, os zapatistas, o cangaço e a Revolução Mexicana.

Dessa maneira, o movimento mangue produziu uma profusão de imagens positivadas dos manguezais e dos homens-caranguejos, que transmutaram as imagens negativas produzidas por Josué de Castro, tais como “espumar de fome”, “andar pra trás”, e “afundar-se na lama”. A vida suja da Manguetown estava lá, mas a Manguetown era, e ainda é, toda a cidade do Recife. Nesse sentido, a metonímia Recife/mangue teve o efeito de substituir imagens europeizantes do Recife em voga, como por exemplo a de “Veneza brasileira”. 

Assim surgiram os caranguejos com cérebro, que emergiram do mangue como portadores de uma capacidade criativa e revolucionária de produzir vida em meio à precariedade. Com isso, ao invés de olhar os habitantes dos mangues a partir da cidade do Recife, o manguebeat olha Recife a partir do mangue.

Essa é uma senha para adentrarmos aos manguezais nordestinos junto aos catadores de caranguejos.

“Com o bucho mais cheio comecei a pensar que eu me organizando posso desorganizar” [8]

Desde 2017 coordeno um projeto de pesquisa chamado Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Nesse projeto, temos acompanhado o cotidiano dos catadores de três tipos de caranguejos: os caranguejos-uçá, os guaiamuns e os aratus, em diferentes áreas de manguezais no Nordeste do Brasil, nos estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Maranhão e Piauí.

 

Nessa experiência, além de aprender a caminhar pelos manguezais tendo os pescadores e pescadoras como professores, acompanhando a captura, a comercialização e a vida comunitária dessas pessoas, temos também acompanhado a forma como caranguejeiros e outros pescadores e pescadoras artesanais têm proposto e participado de debates ecopolíticos sobre o futuro dos manguezais.

Eu lembro, eu estava no exato dia quando Chico chegou e disse: “A gente vai fazer mangue, brother! [...] Ele disse, “Recife é uma cidade que foi toda construída em cima do mangue, a gente vive de mangue desde que a gente é criança, a gente brinca no mangue, a gente toca dentro do mangue, é foda, a gente vive do mangue o tempo todo! (Lúcio Maia, entrevista ao Canal Brasil em “O som do vinil- “Da lama ao Caos-1994”).

Caaporã (PB). Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco.

Tal compartilhamento de vivências nos traz uma série de ensinamentos, dos quais eu gostaria de destacar três:

1- A relação entre manguezais e pobreza é produzida pela história de marginalização das comunidades pesqueiras:

 

É comum que os catadores de caranguejo sejam reconhecidos como pessoas pobres, muitas vezes os mais pobres dentre os pescadores. Isso acontece devido a frequente associação entre a profissão de caranguejeiro e a pobreza, que leva esses pescadores a terem um baixo prestígio social.

Na região do Delta do Parnaíba, na divisa entre Maranhão e Piauí, e nos manguezais de Canavieiras, no Sul da Bahia, conheci experiências de como a organização comunitária, associada ao processo de ter o território assegurado elevaram, em poucos anos, a situação de dignidade dos pescadores, de maneira que nunca havia sido imaginada anteriormente.

 

Os manguezais desses dois lugares, tão distantes entre si, em extremos da região Nordeste do Brasil, foram declarados pelo governo federal como Reservas Extrativistas e destinados principalmente a assegurar o modo de vida das comunidades que lá habitam, bem como a ecologia que o acompanha.

 

Nesse processo, que tem algumas décadas, desenvolveram-se melhorias na forma de comercializar os caranguejos, no atendimento à saúde e à educação, bem como na segurança territorial para o desenvolvimento de outras atividades associadas ao modo de vida, como no caso do Delta do Parnaíba, o comércio de subprodutos da palmeira carnaúba.

Nesses dois locais, ouvi um mesmo tipo de história, contada com orgulho: de como um caranguejeiro, antigamente, nunca conseguiria fazer um crediário no comércio se declarasse sua profissão, e, como, atualmente, dizer-se caranguejeiro permite ter crédito na praça. Em Canavieiras, ouvi, em meio a uma conversa sobre usar ou não luvas para pegar caranguejos (o que significa ter a pele da mão mais grossa ou mais fina), a declaração de que, há alguns anos, poucas mulheres se interessariam em casar com um caranguejeiro (essa profissão eminentemente masculina), mas que atualmente não existe mais essa rejeição acentuada.

Parnaíba (PI). Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco.

São Francisco do Conde (BA). Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco.

Nas Reservas Extrativistas do Delta do Parnaíba e de Canavieiras é comum encontrar pessoas utilizando, orgulhosas, camisetas das associações locais, com desenhos de caranguejos estampados.

 

Essas histórias nos ensinam que os processos, concomitantes, de marginalização dos manguezais e das pessoas, são os responsáveis por produzir a miséria dos humanos e a degradação ambiental. Ao contrário da imagem produzida por Josué para destacar a fome e a desigualdade social, não há nada nas práticas relacionais entre homens e caranguejos, entre seres humanos e manguezais, que performe, em si, miséria e degradação humana.

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Canavieiras (BA). Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco. 

2- A relação entre as comunidades pesqueiras e os manguezais fala mais sobre segurança alimentar do que sobre fome:

Josué de Castro, em um trecho de sua crônica O ciclo do caranguejo, em que conta a história da família Silva nos mangues do Recife, afirma:

“O mangue é um camaradão. Dá tudo, casa e comida: mocambo e caranguejo” (p.24).

Parece-me que, nessa passagem, Josué reconhece a dimensão de segurança alimentar do manguezal, porém não compartilha do valor dado ao mangue pelos seus habitantes. Logo, entendemos que louvar a benevolência do manguezal nessa crônica trata-se de uma ironia. Diz Josué, no parágrafo seguinte:

“Os meninos vão [...] caindo no mangue. Lavam as ramelas dos olhos com a água barrenta, fazem porcaria e pipi, ali mesmo, depois enterram os braços de lama adentro para pegar caranguejos” (p.24).

Interpreto que, para Josué, afinal, caranguejo não é comida de verdade, mocambo não é casa de verdade, e a vida em que se misturam seres humanos e caranguejos constitui uma promiscuidade. A partir disso, subentende-se que as dádivas do manguezal encobririam o signo da pobreza sistêmica.

Nada mais diferente dessa perspectiva do que encontrei em minhas vivências pelos manguezais nordestinos. O que dissemos acima sobre o desprestígio social do caranguejeiro, por sua marginalização, não esgota a conversa sobre a dignidade. Acompanhei, em minhas andanças pelos manguezais e visita aos lares de pescadores e pescadoras, a exaltação de uma dignidade proporcionada pelo alimento trazido no trabalho da pesca, pela “lida na maré”, como se diz entre os pescadores.

Ouvi em diversas conversas e discursos em reuniões, seja na Reserva Extrativista Acaú-Goiana, seja no Recôncavo Baiano, relatos orgulhosos de como caranguejeiros, marisqueiras e outros pescadores criaram os filhos com o trabalho na maré. Isso demonstra que o manguezal é um lugar de produtividade ecológica, como descobriu Fred 04 quando fazia o vídeo-documentário nos anos 90, porque se não tem peixe, tem marisco; se não tem marisco, tem caranguejo; se não tem caranguejo, tem sururu; se não tem sururu, tem aratu, e assim por diante.

Dentre os pegadores de caranguejo e de guaiamum com quem convivi nos manguezais da Bahia, de Pernambuco e da Paraíba, ouvi repetidas narrativas sobre pessoas que alternam trabalhos em empregos assalariados precarizados com períodos de desemprego. Nessas ocasiões, voltam à maré para garantir o sustento da família. Há também aqueles que sempre trabalharam na maré, e aqueles que passaram de pegadores de caranguejo a atravessadores, pois o baixo preço do caranguejo leva, às vezes, a um trabalho em tempo excessivo e a problemas de saúde.

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São Francisco do Conde (BA), Goiana (PE) e Delta do Parnaíba (MA), respectivamente. Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco. 

Se eu pudesse conversar com Josué, mais de 50 anos depois da publicação de Homens e caranguejos, argumentaria que, nos locais onde se tem segurança territorial, políticas públicas e organização comunitária, pode haver vida de abundância nos manguezais. E nos locais onde há pobreza extrema, os manguezais são a garantia da soberania alimentar.

O que talvez haja de errado na vida existente nos manguezais é que seus moradores tiveram historicamente que se refugiar nessas áreas, privados de acesso à terra, moradia, educação e atenção à saúde. No caso de Pernambuco, o que há de errado é a desigualdade nas cidades, que nega oportunidades, e a terra dominada pela plantation da cana-de-açúcar, que deixa pouquíssimo espaço para se acrescer atividades agrícolas ou de extrativismo florestal às atividades pesqueiras.

3- Pescadores e pescadoras estão na linha de frente na defesa dos manguezais:

Josué de Castro afirma, em Homens e caranguejos, que a sociedade dos mangues é uma estrutura que “vegeta” nas margens entre a estrutura feudal e a estrutura capitalista (p. 13-14). O que estou chamando atenção neste texto é que, talvez, ao relegar à ”sociedade anfíbia” somente o lugar de indicador e vítima (“que vegeta”) nessas duas estruturas de opressão, ou seja, ao apenas considerar a vida desses povos em função da relação com o opressor, Josué perde de vista sua dinâmica própria, seu protagonismo e seu potencial vital.

Goiana (PE). Acervo do projeto de pesquisa Ecologia política da pesca de crustáceos em manguezais do Nordeste brasileiro. Fundação Joaquim Nabuco.

Ao adentrar os manguezais com catadores de caranguejos, aprendi muito sobre sua sintonia com os ritmos das marés; sobre a reprodução dos peixes; sobre aspectos do solo; sobre o comportamento e a ecologia de diversos animais e plantas; sobre relações humanas e o mundo espiritual; sobre técnicas e tecnologias; cuidado e respeito e sobre mudanças ambientais medidas na paisagem e nos corpos.

 

Ao participar de reuniões do Conselho Deliberativo da Resex Acaú-Goiana, percebi a fina capacidade dos pescadores de discutirem, em pé de igualdade, a partir de diferenças de perspectivas, com cientistas especializados, sobre a ecologia dos manguezais e o modo de vida das espécies.

A partir de tais experiências, só é possível divergirmos da imagem da passividade de uma simbiose forçada entre humanos e manguezais, indicadora prisão a um ciclo de miséria, como propunha Josué de Castro.

 

Ao contrário, simbiose passa a tomar seu sentido etimológico de convivência: é uma abertura a um mundo outro, de coexistência e interdependência, de produção coletiva de vida compartilhada. A sociedade dos manguezais é, portanto, uma sociedade mais-que-humana, uma sociedade ecológica aberta à convivência. Nesse sentido, o mangue é um dos poucos lugares de produção de liberdade, em meio a estruturas de opressão.

Do ponto de vista das lutas políticas, a persistência de tais interações ecológicas significa que a defesa da existência das comunidades pesqueiras está fundida à defesa dos manguezais. É por isso que temos acompanhado a constituição de movimentos da pesca artesanal lutando contra empreendimentos industriais, de infra-estrutura, de exploração de petróleo em áreas costeiras e de manguezais, opondo-se às monoculturas que fazem uso de agrotóxicos nas beiras dos mangues e se aliando a ambientalistas e órgãos ambientais do Estado na proposição de áreas protegidas que contemplem o uso pesqueiro.

 

Ainda é preciso destacar que muitas áreas de manguezais só existem hoje porque há pescadores nelas. Outras foram destruídas apenas após a retirada forçada das famílias que lá resistiam, como foi o caso das comunidades pesqueiras que habitavam a região onde foi instalado o Porto de Suape. Nesse local, algumas comunidades ainda resistem, como é o caso dos quilombolas de Ilha de Mercês.

Assim, em seu dia a dia, nos territórios pesqueiros, os pescadores e pescadoras têm estado na linha de frente na defesa dos manguezais e das demais áreas costeiras. Isso se reflete também na constituição de organizações como o Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais (MPP), a Articulação Nacional das Pescadoras (ANP), a Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas e Costeiras Marinhas (Confrem) e nas diversas associações de pescadores, marisqueiras, quilombolas, caiçaras, entre outras.

Concluímos que, em suas práticas, os povos da pesca artesanal apontam para outros futuros viáveis, outros formatos de cidade, de mundo rural, de produção de outras territorialidades e outras paisagens onde prolifere a vida, alternativas ao suicídio societário e ecocídio que vivemos.

“Eu vou falar de nós ganhando, por que pra falar de nós perdendo, eles já falam."

(Antônio Bispo dos Santos)

O livro Documentário do Nordeste, de 1937, traz uma pequena crônica chamada A perspectiva ideal de uma cidade. Nela, Josué, de maneira poética, defende que cada cidade pode melhor ser observada de um certo ponto de vista privilegiado, e que Recife deve ser “vista do alto dos aviões em sua perspectiva vertical”. Reproduzo aqui um trecho dessa crônica:

[...] no Recife tudo está ostensivamente jogado numa espécie de desarranjo cósmico: os mangues invadindo as terras, as águas dos rios entrando pelos quintais das casas, as línguas de terra penetrando mar adentro, os mocambos se infiltrando por dentro dos mangues e da lama dos rios, numa desordem assustadora.”

Já do alto dos aviões, toda esta desordem como que desaparece. Os contrastes desnorteantes tomam sentido e se equilibram na mais perfeita unidade geográfica. Os elementos antagônicos parecem perder sua ríspida individualidade e já não se mostram divorciados na paisagem, como rios, mangues, ruas e casas, mas essencializados em faixas verdes, azuis e cinzentas que se completam em harmoniosos jogos de formas e de cores ( p.127).

A bióloga e filósofa Donna Haraway nos ensina que todo conhecimento é situado. Ao olhar para Recife, Josué prefere a perspectiva do observador externo: não de qualquer lugar, mas de um avião.

 

A vista aérea permite uma mirada panorâmica, que dá sentido de organização a uma geografia supostamente caótica, híbrida de “natureza” e “sociedade”. Permite, assim, entender o lugar de cada elemento, mesmo que por um artifício de homogeneização propiciado pela distância. Entretanto, a vista a partir do avião é também uma experiência apartada dos fluxos experienciais na paisagem, da convivência próxima, do trilhar conjuntamente linhas de vida.

 

Assim, munido de uma experiência sensível de infância, olhando da cidade para o mangue, Josué fala a meia distância sobre a fome nos manguezais.

 

Desejoso de uma ordem civilizatória com justiça social, prefere enxergar uma organização ilusória vista de longe, prescindindo de deixar transbordar, em seus escritos, o diálogo sobre as potências do suposto caos do chão com as pessoas reais dos mangues de seu tempo.

Arquivo Josué de Castro - Acervo Fundação Joaquim Nabuco.

Ao reconhecer a importância e a potência dos escritos de Josué de Castro, também reconheço a limitação de seu argumento, quando posiciona os habitantes dos manguezais apenas no lugar da miséria e da vitimização. Penso que parte dessa limitação se deve a um critério metodológico: Josué faz parte de uma tradição intelectual que se vê como porta-voz e não como interlocutor dos grupos sociais que defende. Apesar de ter uma visão “de perto”, é uma visão “de fora”, uma visão “sobre” os habitantes dos manguezais. Com isso, perde-se para a teoria social tudo o que os caranguejeiros têm a contribuir, produzindo-se um discurso “sobre eles”, e não “com eles”, ou “deles”. 

É claro que essa reflexão não serve para criticar Josué em seu tempo. Presta-se, entretanto, para informar uma interpretação possível de sua teoria, hoje. Nos tempos de Josué, seria impensável, por exemplo, um caranguejeiro adentrar a universidade, ou escrever um livro.

 

A mirada da janela do avião é aquela visão que, talvez, Josué almejasse, ao aterrissar no Recife no retorno do exílio, o que nunca se concretizou na vida do intelectual.  

Para além dos insights do movimento manguebeat na década de 1990, que criou um encontro efêmero, porém de resultados transformadores, entre a cultura pop e questões viscerais das populações periféricas da cidade do Recife, Olinda e suas redondezas, também há, nessas cidades, um histórico incrível de produção de resistências afro-indígenas e de periferia, em que os manguezais e a maré espontaneamente têm seus lugares. 

Temos como exemplo paradigmático a história do bairro de Brasília Teimosa, surgida numa área de aterro entre o centro do Recife e o bairro do Pina, e sua resistência à expropriação; a histórica luta da comunidade pesqueira da Ilha de Deus, no coração da bacia do Pina, que inclui o trabalho inspirador da Associação Cultural Caranguejo-Uçá; o Centro Cultural Daruê Malungo e o Quilombo e o Terreiro de Xambá, em Olinda, locais de intensa produção cultural na bacia do claudicante rio Beberibe; o Quilombo Cuieiras, em Igarassu e o movimento Caranguejo Tabaiares Resiste, contra a remoção dessa comunidade periférica e pesqueira das margens do rio Pina. Os exemplos são muitos, representativos, e sempre confrontantes com um modelo de cidade onde não há lugar para pessoas e para manguezais.

Os manguezais do Recife ainda hoje fervilham de poluição e de resistência, de produção de vida, “na lama da Manguetown” e de cada estuário do litoral nordestino. Algumas das pessoas que produzem essa vida pulsante, hoje, adentraram a universidade por meio das políticas afirmativas e questionam a forma distanciada como se produz o conhecimento acadêmico; outras fazem filmes, música, movimentam a internet em relação com as águas e os manguezais.

 

Há ainda os que seguem na imersão diária da coexistência com caranguejos, mariscos, ostras e sururus, presentificando o modo de existir pesqueiro e resistindo contra a contaminação, as políticas higienistas, a destruição ambiental e a destruição dos direitos sociais. Propondo, em suas práticas cotidianas, paisagens que sejam naturezas-culturas simbióticas.

 

Você ia gostar, Josué. Bora pro mangue? A bronca é grande, mas o mangue é um camaradão.

NOTAS

[1] Este artigo é uma reelaboração da apresentação “Manguezais como espaços de vida”, que fez parte da programação da Fundação Joaquim Nabuco na Bienal do Livro de Pernambuco, em outubro de 2023. 

[2] (Chico Science e Nação Zumbi, “Da Lama ao Caos”).

[3]  (Mundo Livre S/A, “Cidade estuário”).

[4] ​ Rizophora mangle é uma árvore conhecida em Pernambuco como gaiteiro, e em outros lugares como mangue-vermelho ou mangue-sapateiro.

[5] Povos e comunidades tradicionais são grupos sociais que vivem em estreita relação com a biodiversidade de seus territórios e biodiversidade, que passaram a reivindicar, a partir dos anos 90, proteção e regularização de seus territórios, visando a manutenção de seus modos de vida. Entre eles os ribeirinhos, seringueiros, geraizeiros, quebradeiras de coco babaçu, comunidades de fundo de pasto, faxinaleses e pescadores artesanais, entre outros. Os povos indígenas e comunidades quilombolas eventualmente são incluídos nesta categoria, porém possuem, perante o Estado,  legislação, direitos e políticas públicas específicas.

[6] (Chico Science e Nação Zumbi, “O cidadão do mundo”).

[7] Essa caracterização se refere à forma como essas articulações se deram no período do surgimento do manguebeat, no início dos anos 90. Em um segundo momento, após o sucesso nacional das bandas e após a morte de Chico Science, em um acidente de carro, em 1997, o manguezal passou a aparecer cada vez menos como referência explícita para as bandas, bem como a própria ideia de movimento ou cena. A banda Mundo Livre S/A passou a dar destaque a outras lutas sociais, como por exemplo a luta dos indígenas Xukuru, a quem é dedicado todo um álbum em 2011. Já a Nação Zumbi, se afastou da temática dos homens-caranguejos.

[8]  (Chico Science e Nação Zumbi, “Da Lama ao Caos”).

PARA SABER MAIS 

Livros e artigos:

 

CASTRO, Josué de. Homens e caranguejos. São Paulo: Brasiliense, 1967.

CASTRO, Josué de. Documentário do Nordeste. São Paulo: Brasiliense, 1959.

COELHO PEREIRA, Lucas; SILVEIRA, Pedro Castelo Branco. Humanos e caranguejos nos manguezais do Delta do Parnaíba: histórias da paisagem. Anthropológicas, v. 32, n.1, 2021. Disponível em: <https://periodicos.ufpe.br/revistas/index.php/revistaanthropologicas/article/view/248380>.

 

SILVEIRA, Pedro Castelo Branco. Caminhando pelos manguezais do fim do mundo. ClimaCom, ano 7, n. 17, 2020. Disponível em: <https://climacom.mudancasclimaticas.net.br/caminhando-pelos-manguezais-do-fim-do-mundo-pedro-castelo-branco-silveira/>. 

 

Filmes:

JOSUÉ de Castro, cidadão do mundo. Direção de Silvio Tendler. Produção: Adolfo Lachtermacher. Rio de Janeiro: UERJ VÍDEO, 1994. Disponível em:  <https://www.youtube.com/watch?v=LFzNVo8KIKg>.

CHICO Science, Nação Zumbi: um caranguejo elétrico. Direção de José Eduardo Miglioli. Junior. produção: Ricardo Carvalho. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=6aOVDIGIwag>. 

O AUTOR

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Pedro Castelo Branco Silveira é antropólogo, biólogo, doutor em Ciências Sociais pela Unicamp e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco. Também é docente do Programa de Mestrado Profissional de Sociologia em Rede (ProfSocio/Fundaj), e do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (PPGA/UFPE). Tem experiência com pesquisas em territórios tradicionais; pesca artesanal; agrobiodiversidade; antropologia dos conflitos socioambientais; antropologia da paisagem; práticas de conhecimento; ecologia política, entre outros. E-mail: pedro.silveira@fundaj.gov.br

COMO CITAR ESSE TEXTO

SILVEIRA, Pedro. Conversando com Josué de Castro e os povos do manguezal sobre vida, fome e luta. Revista Coletiva, Recife, n. 33, set.out.nov.dez. 2023. Disponível em: <dossie-a-fome-e-inseguranca-alimentar-n33-conversando-com-josue-de-castro-e-os-povos-do-mangue>. ISSN 2179-1287.

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